As rações são constituídas por uma série de ingredientes. Se quer saber o que realmente o seu cão anda a comer, vire o saco de ração e preste atenção à lista de ingredientes. Esta lista é a sua única fonte para saber qual a verdadeira natureza da dieta do seu cão! Se por um lado, o marketing pode fazer milagres, os produtores não podem mentir em relação aos ingredientes que utilizam e, apesar da verdade poder ser mascarada, através de uma boa leitura da lista de ingredientes é possível avaliar e distinguir as marcas de rações.
O rótulo da embalagem deve permitir-lhe analisar com facilidade e clareza a constituição da ração. Cada ingrediente ou, pelo menos, os presentes em maiores quantidades devem ser listados por ordem decrescente e idealmente com uma percentagem associada.
Termos gerais como “cereais” ou “carne e subprodutos (ou derivados) animais” são referentes a uma série de ingredientes de qualidade variável, o que faz com que seja impossível saber o que é que o seu cão está a comer. Os produtores usam estes termos ou quando as receitas estão sujeitas a alterações frequentes ou porque se os ingredientes fossem descritos os clientes poderiam deixar de comprar – o que infelizmente é, muitas das vezes, o caso. Se a lista de ingredientes descrita na ração do seu cão incluir termos ambíguos como estes, provavelmente o melhor é assumir o pior e equacionar se se trata da ração mais indicada. Isto é especialmente relevante se o seu cão for alérgico a algum ingrediente, pois nestes casos não é possível identificar os ingredientes e certificar-se que o que está a dar ao seu cão está realmente livre dos compostos indesejáveis.
Subprodutos (ou derivados) animais
A direcção-Geral da Saúde e da Defesa do Consumidor, da Comissão Europeia, define um subproduto animal como qualquer parte de uma carcaça de um animal ou qualquer matéria de origem animal não destinados ao consumo humano.
A maior parte da carcaça de um animal abatido destinar-se-á ao consumo humano, mas algumas partes não terão esse fim. Isto não significa necessariamente que estas partes são impróprias para consumo, pode simplesmente significar que não há mercado para elas. Por exemplo, nas zonas da Europa em que a língua de vaca é considerada um manjar, essa parte da carcaça pode considerar-se como carne. No entanto, nas zonas em que não há mercado para as línguas de vaca, estas são consideradas subprodutos animais. Por outro lado, os subprodutos podem ser originários de partes animais que sejam nutricionalmente pobres e, como tal, não usadas para consumo humano.
Os produtos de origem animal tornam-se subprodutos a partir do momento em que se decide que não serão usados para consumo humano.
Cereais
O termo “cereais” refere-se a qualquer produto de qualquer cereal incluindo trigo, arroz, cevada, milho, etc. Apesar de este termo atrair bastantes críticas, é preciso notar que não é necessariamente indicativo de ingredientes de má qualidade já que inclui todos os cereais, dos melhores aos piores.
Por exemplo, alguns bons produtores utilizam termos gerais como este para não darem a conhecer a sua fórmula secreta. Por outro lado, este termo pode ser usado para cereais que são nutricionalmente muito pobres. Além disso, como o cereal usado não é especificado um produtor pode utilizar diferentes tipos de cereais de diferentes batches dependendo no que está mais disponível na altura.
Apesar dos seus hábitos alimentares omnívoros, que fazem com que os cães sejam capazes de digerir uma grande variedade de alimentos, os cães são uma espécie carnívora. O seu sistema digestivo é muito mais propenso para o consumo de carne e beneficia se tiver uma dieta rica em carne. Idealmente, a carne deverá ser o primeiro (e, portanto, o mais abundante) ingrediente presente na lista.
Todos os ingredientes têm que ser listados da maior para a menor quantidade em que estão presentes na comida. O primeiro ingrediente é, por isso, o que está em maior quantidade e o mais importante da comida. Infelizmente, os produtores podem ser muito astutos no que toca a ordenar os ingredientes. Ficam aqui três estratégias, por vezes, utilizadas:
1. Separar os cereais: Por vezes, os produtores das rações com elevada percentagem de cereais apresentam-nos individualmente fazendo com que a percentagem de cada diminua e vá para o final da lista de ingredientes. No entanto, a soma de todos esses cereais listados pode vir a ser maior que o primeiro ingrediente tabelado.
Isto pode ainda ser feito somente com um tipo de cereal, por exemplo: numa ração rica em milho, o produtor pode listar somente “milho” como ingrediente principal, ou poderá listar separadamente “farinha de milho”, “glúten de milho” e “milho”. Como a quantidade de cada ingrediente é menor, estes aparecem no final da lista, parecendo que são menos relevantes.
2. Carne fresca: Nas rações secas, a carne tanto pode ser seca (normalmente referida como “carne desidratada”) ou fresca. A qualidade de ambas é a mesma, mas para comparar quantidades é preciso remover o conteúdo de água da carne fresca, dado que a seca está desidratada. A carne fresca possui cerca de 2/3 de água enquanto que a carne desidratada só contém aproximadamente 5 % de água. Isto significa que 20 % de carne fresca equivale somente a 7 % de carne desidratada. Assim, caso a carne fresca seja o primeiro ingrediente, tenha a certeza que desconta a água e veja se esta continua a ser o primeiro ingrediente.
3. Carne e subprodutos animais: Este parâmetro é uma tendência crescente dos fabricantes de alimentos de gama baixa para cães. Ao invés de indicar os vários tipos de produtos animal e as suas respectivas percentagens, estes fabricantes optam por juntar todos os ingredientes de origem animal, deslocando a “carne” para o topo da lista. Por exemplo, em vez de discriminarem "Ingredientes: Farinha de frango (20%), óleo de frango (5%), proteína de frango desidratado, vísceras organolépticas...”, optam por colocar "Frango e subprodutos de frango".
Referência: Direcção-Geral da Saúde e da Defesa do Consumidor